Papo cabeça: como cuidar da saúde mental masculina - Dr. JONES

Papo cabeça: como cuidar da saúde mental masculina

Na correria diária, nem sempre sobra tempo para pensar e falar sobre saúde mental... ou, quando as coisas estão difíceis, procurar ajuda — mas você deveria. Veja quais são os principais desafios enfrentados pelo homem hoje e como cuidar deles.

Olha, são muitos os problemas que podem levar o homem de hoje a enfrentar desafios na saúde mental — mas será que dá para mapear quais desses desafios são os mais comuns? E como cuidar deles? Vem que a gente explica.

Tem diferença na saúde mental de homens e mulheres?

Imagem gerada por IA mostra, em fundo neutro, um homem de costas para uma mulher. Ela, ruiva e jovem usando camisa preta. Ele, loiro, na faixa dos 30 anos, usando camisa branca.

Tem, sim.

Um dos estudos mais recentes que comparou semelhanças e diferenças entre a saúde mental de homens e mulheres foi publicado em 2021 e conduzido por uma equipe liderada por Daniëlle Otten, da Johannes Gutenberg University Mainz.

O estudo fez uma revisão dos resultados de outras pesquisas em larga escala na Alemanha para buscar entender no que mulheres e homens se aproximavam, ou não, no terreno das queixas psicológicas.

No geral, as mulheres reportaram mais problemas de saúde mental que os homens, principalmente no que diz respeito à depressão ou sintomas depressivos.

Isso, no entanto, não significa que os homens estavam num ‘céu de brigadeiro’: quando uma subescala de depressão e exaustão foi utilizada para medir o humor típico de quadros depressivos, por exemplo, não se observaram diferenças. 

Além disso, embora as mulheres tivessem exibido mais ideação suicida, o risco de cometer suicídio, em si, foi maior entre os homens — e os homens também relataram eventos de vida mais traumáticos que as mulheres. 😵

O que a psicologia fala sobre o homem?

Imagem gerada por IA mostra homem jovem negro de camisa bege e cordão no pescoço, sorrindo.

Olha, de maneira geral, fala que abordar o tema da saúde mental com os homens é mais difícil, por conta de barreiras bem típicas relacionadas ao sexo masculino.

Foi o que mapeou outro estudo, de 2022, dessa vez conduzido com 7 grupos focais em Sydney, Austrália, que buscou analisar as percepções masculinas sobre saúde mental.

Entre outros dados, os resultados da equipe de Paul Sharp, da University of Technology Sydney, indicaram que os homens têm mais restrição em acessar sua parte emotiva e consciência emocional — e mais dificuldades em conceituar internamente suas experiências.

Isso se reflete nos números. Na própria introdução do tema, Sharp e sua equipe comentam que, na Austrália, homens buscam menos que as mulheres os serviços de saúde mental para tratar transtornos como depressão e ansiedade (28% a 41%) e respondem por ¾ das mortes por suicídio! 😳    

Essas informações parecem ecoar outros achados, dessa vez nos Estados Unidos e no Brasil. 

Um editorial publicado em 2020 por Benita Chatmon, da LSU Health New Orleans, por exemplo, discute que ok, a prevalência de transtornos mentais pode ser até tipicamente menor entre os homens, mas, como eles procuram menos ajuda, muitas vezes, não são tratados.

Resultado: depressão e suicídio estão entre as principais causas de morte no sexo masculino, que também morre mais por conta do abuso de álcool e é de duas a três vezes mais propenso a abusar de drogas que o feminino.   

No Brasil, um estudo mais antigo, de 2012, conduzido por Maria Carmen Viana e Laura Helena Andrade na Região Metropolitana de São Paulo, também concluiu que homens têm mais risco para transtornos decorrentes do uso de álcool e outras drogas. Parece haver um padrão aí, né?

Como saber se sua saúde mental está boa?

Imagem gerada por IA mostra homem de meia-idade sentado em cadeira, sob a luz do sol que entra pela sala, sorrindo por estar em dia com a saúde mental.

De maneira geral, o que podemos extrair dessas e outras pesquisas é que depressão, ansiedade, dependência de substâncias e risco de suicídio estão entre os principais desafios que os homens enfrentam na saúde mental.   

As causas, claro, variam de pessoa para pessoa, mas do ponto de vista social estão bastante relacionadas a expectativas culturais em relação à masculinidade, pressões sociais, de relacionamento e financeiras, estresse, estigma, medo de 'parecer fraco', falta de comunicação e menor tendência a buscar ajuda.   

Por isso, é importante não apenas que nós, homens, estejamos mais abertos a reconhecer quando as coisas não vão bem, mas também tomar algumas atitudes que podem melhorar nossa qualidade de vida e até prevenir esses problemas, como:

  • Aceitar e reconhecer nossas emoções 
  • Buscar apoio e falar dos problemas com outras pessoas de confiança 
  • Equilibrar trabalho, lazer e tempo de qualidade com a família 
  • Cuidar da saúde física, o que inclui atividade física, alimentação saudável e boas horas de sono
  • Estabelecer metas mais realistas para a vida e não se cobrar tanto em caso de eventuais falhas
  • Evitar o uso excessivo do álcool e o ‘apoio’ em drogas

Ser gentil com a gente mesmo, reconhecer que não somos Super-Homens e não ter vergonha de buscar ajuda profissional quando as coisas 'apertarem' também são dicas de ouro.   

 Vale lembrar que todo mundo tem problemas e passa por fases difíceis às vezes. 

A gente só não precisa enfrentar tudo sozinho. 🤜🤛

Referências

Otten D, Tibubos AN, Schomerus G, Brähler E, Binder H, Kruse J, Ladwig K-H, Wild PS, Grabe HJ, Beutel, ME. Similarities and differences of mental health in women and men: a systematic review of findings in three large German cohorts. Front. Public Health. 2021;9. doi: 10.3389/fpubh.2021.553071.

Sharp P, Bottorff JL, Rice S, Oliffe JL, Schulenkorf N, Impellizzeri F, Caperchione CM. “People say men don’t talk, well that’s bullshit”: A focus group study exploring challenges and opportunities for men’s mental health promotion. PLoS ONE 2022;17(1):e0261997. doi: 10.1371/journal.pone.0261997.

Chatmon BN. Males and mental health stigma. American Journal of Men’s Health. 2020;14(4). doi: 10.1177/1557988320949322.

Viana MC, Andrade LH. Lifetime prevalence, age, and gender distribution and age-of-onset of psychiatric disorders in the São Paulo Metropolitan Area, Brazil: results from the São Paulo Megacity Mental Health Survey. Braz. J. Psychiatry. 2012;34(3). doi: 10.1016/j.rbp.2012.03.001.

Imagens: ilustrações criadas por IA, via Midjourney, por João Marinho.

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